Silício na cultura da soja
Doses e modos de aplicação de silício na cultura da soja. Apesar do silício (Si) não fazer parte do grupo dos elementos essenciais para ocrescimento das plantas, o silício é muito discutido por nutricionistas vegetais, a sua essencialidade, sem, contudo chegar a um aspecto conclusivo (Korndörfer; Datnoff, 1995). Entretanto na literatura encontram-se trabalhos que relatam diversos efeitos deste elemento benéfico sobre a cultura da soja, tais como, melhora da resistência a pragas, patógenos e à déficit hídrico, além da melhoria na qualidade da cultura e produtividade (Teodoro et al., 2015).
Apesar de serem poucas as informações encontradas na literatura sobre a influência do Si sobre a taxa fotossintética em leguminosas, alguns trabalhos como os de Shen et al. (2010), relataram efeito benéfico sobre os parâmetros fotossintéticos com a aplicação de Si em plantas de soja sob condições de déficit hídrico. Segundo Korndörfer et al. (2002) em gramíneas (plantas acumuladoras de silício) o aumento da fitomassa seca, é atribuído devido a ações indiretas que o silício promove, como melhorar a arquitetura das plantas (folhas mais eretas), assim consequentemente diminui o auto sombreamento, o que proporciona o incremento da taxa fotossintética. Isto segundo Epstein (2001) se pressupõem no que vem se observando ao longo dos anos, o fato do silício estar relacionado ao aumento da clorofila e à melhoria no metabolismo da planta.
A hipótese baseia-se que o Si pode otimizar os atributos fisiológicos da planta, garantindo maior potencial produtivo para a cultura. Também, que diferentes modos de aplicação e fontes de ácido monosilícico podem atuar de maneira diferente sobre o aproveitamento do elemento e alterar o metabolismo fotossintético das plantas de soja. Entretanto, são escassas as informações que dizem respeito à forma de aplicação do Si e se existe alguma diferença sobre o manejo de aplicação deste produto sobre a soja, sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da aplicação de Si foliar e no sulco de plantio no desempenho agronômico da cultura da soja.
O experimento foi conduzido na área experimental da Fundação de Apoio a Pesquisa Agropecuária de Chapadão, localizada no município de Chapadão do Sul, MS, com latitude de 18º 48′ 46″ S, longitude 52º 36′ 00″ W e altitude de 820 m. O clima da região é classificada como Tropical úmido. O solo no local do experimento foi classificado como Latossolo Vermelho Distrófico, de textura argilosa.
O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, cujos tratamentos foram dispostos em esquema fatorial 3 X 4, sendo três doses do produto comercial “ZunSil” (0, 500 e 1000 mL.ha-1, correspondendo respectivamente a 0, 100 e 200 mL.ha-1 de Si na forma líquida de ácido monosilícico) pulverizados de forma foliar e quatro doses de “Silcoat” (0, 2.5, 5 e 10 kg ha-1, correspondendo respectivamente a 0, 0.5, 1 e 2 kg ha-1de Si, na forma de ácido monosilícico em pó) aplicado no sulco de plantio, contendo quatro repetições.
Os tratamentos com aplicação do ácido monosilícico de forma foliar foram realizadas quando as plantas apresentavam o estádio fonológico V4 e V7 por aplicação repetitiva, para tanto, utilizou-se pulverizador de pesquisa Herbicat com uma barra de aplicação com 4 bicos, com vazão de 150 L ha-1.
Nos tratamentos onde o Si foi aplicado no sulco de plantio, efetuou-se o revestimento deste nutriente na formulação NPK, utilizando polímero coatagro (2 mL por kg de fertilizante), para tanto, os fertilizantes foram devidamente pesados em balança eletrônica, colocados em sacos de plásticos com capacidade para 20 L, em seguida adicionou-se o polímero sobre o fertilizante e o Si de acordo com os tratamentos, logo após, realizou-se a mistura. Utilizou-se na adubação 115 kg ha-1 de fosfato monoamônico e 150 kg ha-1 de cloreto de potássio, seguindo a recomendação de adubação com base na análise química do solo. A semeadura foi realizada durante o ano agrícola 2014/15 utilizando a cultivar de soja (P98Y30), com densidade de 310.000 sementes ha-1 com ciclo de 115 dias.
O monitoramento do índice de cor verde (ICV) foi obtido utilizando-se um clorofilômetro portátil (Clorofilog). A avaliação das trocas gasosas, foi realizada através da fotossíntese (mmol CO2 s¹ m²), condutância estomática (mol m² s¹) e transpiração (mmol H2O s¹ m²), por meio de um aparelho analisador de gases a infravermelho (LICOR, Inc., LI6400). As medições foram realizadas nas folhas + 1, em quatro plantas por tratamento, no período entre as 9 e 11 horas.
Para a realização da análise estatística, os dados foram submetidos à análise de variância, onde a comparação de médias foi realizada usando-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Conforme pode ser observado na Tabela 1, não foi constatada diferença significativa para nenhum dos parâmetros avaliados, independente do tratamento utilizado, isto, pode estar relacionado ás baixas dosagens de aplicação do Si seja via solo ou foliar utilizado no presente estudo, pois, segundo Oliveira et al. (2015) com uma dosagem de até 2,32 t de Si ha-1 no solo, se obtém valores mais expressivos da massa de mil sementes desta cultura.
Tabela 1. Índice de cor verde (ICV), condutância estomática (CE), transpiração (T), fotossíntese (A), massa de 100 grãos (M100G) e produtividade de grãos de soja (PROD), em função da aplicação de silício via foliar e via solo. Chapadão do Sul – MS, 2017.
O fato da cultura da soja ser considerada uma planta intermediária no acúmulo de Si, faz com que, as respostas à aplicação desse elemento sejam mais difíceis de serem observadas (Pereira Júnior et al., 2010). Entretanto em gramíneas (arroz, canade-açúcar, sorgo, milheto, milho, entre outros), que são plantas acumuladoras de Si, são comumente observados resultados positivos com a aplicação desse elemento (Raij; Camargo, 1973).
Neste sentido, alterações na metodologia para disponibilização deste elemento para a cultura, como novas fontes de Si, aumento da dose, épocas de aplicação, parcelamento de aplicação, segundo Pereira Júnior et al. (2010), poderiam constituir se em uma nova alternativa de fornecimento desse elemento às plantas, no sentido de se obter resultados positivos com essa aplicação. Em algodoeiro, utilizando silicato de potássio, nas doses de 0, 40, 80 e 120 g L-1 causou aumento significativo no teor de clorofila (Farias, 2012). Já a utilização de metassilicato de sódio adicionado à solução nutritiva para hidroponia nas doses 0, 10, 25, 50, 100 e 200 mg L-1 causou aumento na fotossíntese, reduziu a transpiração excessiva e a condutância estomática (Ferreira, 2008). Outro trabalho em algodoeiro, constatou a diminuição da condutância estomática e não houve resposta sobre a transpiração nas cultivares “ BRS rubi e topázio ” nas doses de 0, 50, 100, 150 e 200 mg L-1 na fonte de silicato de potássio (Ferraz et al., 2014).
As hipóteses do trabalho, nestas dadas condições foram refutadas. Não foi constatada diferença significativa para os parâmetros avaliados, independente dos tratamentos utilizados.
Referências
EPSTEIN, E. Silicon in plants: facts vs concepts. In: DATNOFF, L. E.; SNYDER, G. H.; KORNDÖRFER, G. H. (Ed.). Silicon in agriculture. Amsterdam: Elsevier, 2001. p. 116.
FARIAS, A. T. V. Crescimento e desenvolvimento do algodoeiro em função de doses de silício e ácido salicílico. 2012. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande. FERRAZ; R. L. S.; BELTRÃO; N. E. M.; MELO, A. S.; MAGALHÃES, I. D.; FERNANDES, P. D.; ROCHA, M. S. Trocas gasosas e eficiência foto química de cultivares de algodoeiro herbáceo sob aplicação de silício foliar. Ciência Agronômica. v. 35 n. 2, p. 735-748; 2014.
FERREIRA, S. M. O efeito do silício na cultura do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.): aspectos bioquímicos, qualidade de fibra e produtividade. 2008. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, Piracicaba.
KORNDÖRFER, G. H; DATNOFF, L. E. Adubação com silício: uma alternativa no controle de doenças da cana-de-açúcar e do arroz. Informações Agronômicas, v. 70: p.1-5, 1995.
KORNDÖRFER, G. H.; PEREIRA, H. S., CAMARGO, M. S. Silicatos de cálcio e magnésio na agricultura. 2a ed. Uberlândia, GPSi/ICIAG/UFU, 2002. (Boletim Técnico, 1).
OLIVEIRA, S.; LEMES, E. S.; MENEGHELLO, G. E.; TAVARES, L. C.; BARROS, A. C. S. A. Aplicação de silício via solo no rendimento e na qualidade fisiológica de sementes de soja. Semina: Ciências Agrárias, v. 36, p. 3029-3042, 2015.
PEREIRA JÚNIOR, P.; REZENDE, P. M.; MALFITANO, S. C.; LIMA R. K.; CORRÊA, L. V. T.; CARVALHO, E. R. Efeito de doses de silício sobre a produtividade e características agronômicas da soja [Glycine max (L.) Merrill]. Ciência e Agrotecnologia, v. 34, p. 908-913, 2010.
RAIJ, B. V.; CAMARGO, O. A. Silica solúvel em solos. Bragantia, v. 32, p. 223-236, 1973.
SHEN, X.; ZHOU, Y.; DUAN, L.; LI, Z.; ENEJI, A. E.; LI, J. Silicon effects on photosynthesis and antioxidant parameters of soybean seedlings under drought and ultraviolet-B radiation. Journal of Plant Physiology, v. 167, p.1248-1252, 2010.
Informações dos autores:
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, Campus de Chapadão do Sul, Chapadão do Sul, MS.
Disponível em: Anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja. Goiânia – GO, Brasil.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da aplicação de Si foliar e no sulco de plantio no desempenho agronômico da cultura da soja.
Autores: SOUZA, R.P.G.P.1; ALVES, R.P.S.C.1; DAVID, C.H.O.1; AGUIAR, W.H.R.1; DINIZ, J.F. 1; BARROS, P.P.V.1; CAMPOS, C.N.S.1
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