Perdas/desperdício de alimentos reduzem sustentabilide
O pesquisador Marcos Fonseca, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro/RJ), abriu a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Embrapa Agrobiologia, em Seropédica/RJ, no dia 17, falando sobre perdas e desperdício de alimentos. O assunto integrou-se perfeitamente à temática central da SNCT, Ciência que alimenta o Brasil, já que mostra um contraponto e um desafio para a produção de alimentos, ainda que haja aumento da produtividade.
Segundo Fonseca, de tudo o que se produz, aproximadamente 30% não são revertidos em alimentação. “Perda e desperdício são coisas diferentes. A primeira refere-se à perda no processo de produção, pós-colheita, armazenamento e transporte, enquanto o segundo está diretamente relacionado com o consumidor e com hábitos de consumo”, explicou ele. Paralelamente, há a realidade da fome ou da síndrome da fome oculta – que é a carência de certos nutrientes no organismo.
O Brasil saiu do mapa da fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO) em 2014, o que significa que tem menos de 5% da população em situação de fome. Isso, no entanto, não quer dizer que não haja o problema no País: 3,8% da população ainda não têm o à alimentação adequada, ou seja, mais de 7 milhões de pessoas. A redução das perdas e do desperdício não melhoraria esse índice diretamente, pois não implica, necessariamente, na redução da fome, mas é um importante fator econômico. “Haveria maior oferta, redução no preço e mais o aos alimentos”, destacou o pesquisador. “Alimento, há. O desafio é fazer chegar a quem precisa.”
De acordo com ele, há medidas simples que podem ser implantadas para minimizar as perdas e o desperdício. “Há dois tipos de perda: a qualitativa, que refere-se ao alimento feio, rejeitado, embora ótimo para consumo; e a quantitativa, que é aquela que acontece nas centrais de abastecimento, onde o que não é vendido acaba ficando por lá mesmo”, contou. No caso das perdas, as dicas referem-se, sobretudo, ao período pós-colheita: fazer colheita cuidadosa, diminuir o calor do campo, selecionar e classificar bem os alimentos, manter o mínimo de movimento da lavoura para a casa de embalagem, aplicar refrigeração adequada e armazenamento compatível, fazer um transporte cuidadoso e manusear minimamente os produtos.
Já no caso específico do desperdício, Fonseca disse que é preciso mudar a cultura entre os consumidores. “Planejar as compras e comprar somente o que for ser consumido, levar sobras alimentares de restaurante para casa, evitar a cultura da fartura e aprender receitas para aproveitamento de partes de alimentos não usadas comumente são medidas simples que já fazem a diferença”, pontuou.
Em sua palestra, o pesquisador falou ainda sobre a crise de fome no chifre da África, destacou a inclusão da garantia à alimentação na Constituição brasileira, em 2010, e relatou a existência de três projetos de lei em tramitação no Senado para melhorar o problema – um para modificar a forma de classificar a validade dos produtos, outro para facilitar e legalizar as doações de alimentos e outro focado especificamente no desperdício de alimentos. “Há avanços, mas são lentos”, relatou.
Outras palestras
A abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Unidade também contou com a presença do professor Antônio Carlos Abboud, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que falou um pouco sobre a viagem dos alimentos entre os continentes, no que ele chamou de primeira globalização. Ele falou como os recursos genéticos alcançaram continentes distantes e como a nutrição dos países se formou, mais intensivamente, a partir das grandes navegações.
Abboud falou sobre diversas espécies de plantas, suas origens e parte de sua história, e destacou o fato de que, para ele, a agricultura foi a responsável por impulsionar o desenvolvimento tecnológico do mundo. “A diversidade alimentar é tão grande que até hoje temos um movimento mundial. Ainda são muitas as espécies levadas de um lugar para o outro do mundo”, revelou.
Johanna Döbereiner
O professor da UFRRJ destacou ainda sua experiência ao lado da pesquisadora Johanna Döbereiner, homenageada do evento. “Fui bolsista dela dos 20 aos 27 anos, e ela literalmente inoculava na gente aquele grande entusiasmo que tinha pela pesquisa e pelo trabalho”, destaca.
A pesquisadora Vera Baldani também falou sobre a cientista homenageada e comandou um bate-papo com a plateia, falando um pouco sobre a experiência de conhecer e trabalhar com Johanna. Emocionada, ela contou sobre a parceria e a amizade que se firmaram nos anos de convivência – e lembrou com saudades de momentos pessoais, como o companheirismo em grandes momentos de sua vida, como o casamento e o nascimento dos filhos. “Ela foi uma mãe para mim”, conta.
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